quinta-feira, 20 de novembro de 2008

3º dia - Encerramento com "Treme Terra"

Depois da mesa de discussão, todos os convidados seguiram para a sede do Núcleo de Consciência Negra e viram a contagiante apresentação do grupo "Treme Terra". Para descrever o show, seguem algumas fotos de Monica Alves.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

3º dia - Daniela Roberta Rosa, Roberta Estrela D'Alva e Max Mu


Fotos: Mari Azoli e Edson Ramos

O último dia da Semana de Consciência Negra tinha como objetivo discutir o Negro no Teatro. Daniela Roberta Rosa, que estudou durante toda sua vida acadêmica o Teatro Experimental do Negro (TEN) começou a discussão retomando a história do TEN e mostrando o caminho que ele abriu para artistas como Roberta Estrela D'Alva e Max Mu.

Segundo Daniela, o TEN foi muito mais do que representação teatral. "Ele se engajou em uma luta social". Ela conta ainda que, antes do TEN, atores brancos eram pintados para representar negros no teatro. "O negro no teatro brasileiro era o branco brochado". Seria porque não havia ator negro ou porque ele não era bem-vindo?

Com essa questão em mente é que Abdias do Nascimento cria o TEN em 1944. A briga do TEN é pela presença física e ideológica do negro no teatro. Para Daniela, a pesquisa sobre o negro no teatro revela muito mais do que parece. "Em um país de preconceito escamoteado, que prega a mestiçagem, a homogeneidade e a igualdade, o teatro serve como uma fresta pela qual eu posso ver as verdadeiras relações raciais".

Em seguida, Roberta Estrela D'Alva contou um pouco sobre sua carreira no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Diz que já ouviu gente achar que ela não é negra. "Minha mãe é branca e meu pai é negro. Eu sou negra. A novidade hoje é o mestiço se assumir negro, porque antes ele sempre se disse branco". A partir de seu exemplo, Roberta explica que "se uma pessoa é azul e ela se diz branca, ela se autodetermina branca". Em uma escola que visitou, entre 40 crianças negras, ao serem perguntadas sobre sua cor, nenhuma se disse negra. "A formação do imaginário se dá na criança; é aí que a arte tem que entrar para mostrar o que é ser negro".

Para ela, o artista negro tem a função de estudar muito, entender muito para então distribuir tudo para o mundo. "É claro que poderíamos fazer peça sobre tudo, mas a questão do negro é mais urgente. Mais do que alimentar seu ego, o artista negro tem um compromisso com sua causa". Outra idéia discutida por Roberta foi o preconceito. Segundo ela, "o racismo não é problema do negro, é problema da sociedade".

Para encerrar, Max Mu contou como a entrada no cursinho do Núcleo de Consciência Negra a USP foi importante para entender a questão do negro na sociedade e lutar por isso. "Antes do Núcleo, minha relação com a negritude era só cromática".

Max Mu conta que a mioria dos lugares conhecidos como de produção cultural do negro, quando são mais divulgados, perdem exatamente a sua cultura negra. "Os negros produzem cultura; as loiras vêm atrás dos negros; os playboys atrás das loiras; o preço sobe e os negros saem para outro gueto". Ele conta ainda que seu trabalho o distanciou de sua comunidade e da academia. Mas com o trabalho "O diário dum carroceiro", ele atingiu todos os públicos. Com essa peça, ele diz ter encontrado sua identidade, pois trata-se de uma peça profissional, com a voz de quem já morou na rua.

Ele discute ainda a educação brasileira, que ensina que o Quilombo dos Palmares morreu e que o mercado de trabalho absorveu as mulheres em 1970, quando em sua família ele sabia que isso havia acontecido muito antes. Em relação à educação, Daniela disse que "a escola tem que trabalhar, discutir, ressaltar a diferença [entre negros, brancos, amarelos]. Mas tem que agir contra toda a ação que use isso para pregar a desigualdade. Porque nós somos diferentes, mas somos iguais".

terça-feira, 18 de novembro de 2008

2º dia - Ligia Fonseca Ferreira e Raquel Trindade

Fotos: Mari Azoli, Edson Ramos e Monica Alves

No segundo dia da Semana de Consciência Negra, o tema da mesa de discussão era "O Negro na Literatura".

A professora Ligia Fonseca Ferreira iniciou a discussão fazendo uma retrospectiva histórica dos autores negros do Brasil. Ela comentou que este ano de 2008 é um momento diferente para discutir isso, em virtude das eleições americanas.

Entre os escritores citados, Ligia falou de Luis Gama - primeiro autor negro da literatura brasileira -, André Rebouças, José do Patrocínio, Cruz e Sousa, Lima Barreto, Lino Guedes, Solano Trindade, Carlos Assunção, Oswaldo de Carvalho e Cuti.

Dentre todos os escritores negros, Luis Gama foi o único a ter vivido um período de sua vida como escravo. Segundo Ligia, sua história de superação é fantástica; ela o compara até mesmo com Martin Luther King, dizendo que ambos se tornaram homens cultos, políticos e letrados. É dele o busto exibido no Largo do Arouche.

A professora mostra um texto de Luis Gama em um jornal no qual defende José do Patrocínio e coloca valores morais acima da questão da cor. Em seus poemas, Luis Gama satiriza a fala racista dos outros, parecendo aos menos atentos, que ele mesmo adota esse discurso racista.

Ligia diferencia, ainda, o autor negro daquele que se enuncia como negro. Dessa forma, Machado de Assis é apenas um autor negro, mas não fala como um autor negro, suas obras não adotam o negro como ponto de vista.

Em relação à representação do negro na literatura, Ligia comenta várias fases de representação, desde o demônio familiar, de José de Alencar, até os ideais do bom crioulo e o retrato do mulato.

Depois da exposição da professora Ligia, Raquel Trindade contou a história de um dos escritores negros mais importantes do país: seu pai, Solano Trindade. Raquel é uma griote, grande conhecedora da cultura africana. Mas, ao contar a vida de seu pai, parece uma criança encantada com seu herói. Dentre os episódios narrados está a prisão de Solano - e o acampamento de sua mãe em frente à prisão até ter notícias dele -, a demissão de seu emprego no IBGE - porque batia o cartão e passava o tempo levando Raquel para vários passeios culturais -, a surra fingida de pai e filha para seguir a prientação de uma vizinha, e a mágica criação de Embu das Artes.

Para exemplificar a poesia de seu pai que, segundo Raquel, é voltada para os problemas sociais, os problemas do negro, o amor e a criança, Raquel declamou lindamente dois de seus poemas - um deles era o conhecido "Tem gente com fome".


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

1º dia - Lilia Schwarcz: "O preconceito do brasileiro é o de ter preconceito"

Fotos: Mari Azoli

Você é preconceituoso? 98% dos brasileiros entrevistados em uma pesquisa de Lilia Schwarcz afirmam que não. Você conhece alguém preconceituoso? 99% dos mesmos entrevistados afirmaram que sim. O que isso significa? Segundo Lilia, a conclusão é que o brasileiro se considera "uma ilha de democracia racial cercada por racismo de todos os lados".

Na seqüência da mesa de discussão "O negro nas Artes Plásticas", depois de Samuel Santiago, a professora de antropologia da FFLCH-USP expõe, de forma brilhante em apenas 30 minutos, como o negro foi retratado através da pintura desde o descobrimento do Brasil até a década de 30. Além disso, explica também a relação da representação do negro com o preconceito que existe no Brasil (ainda que ninguém admita seu preconceito) e mostra como o negro produtor de artes plásticas teve uma atuação pontual nos primeiros séculos de nossa história.


A respeito da segmentação e da etiqueta "artista negro", Lilia comenta que o artista branco é chamado apenas de artista, enquanto o negro é chamado pelo adjetivo: sempre artista negro. Ela explica ainda que essa discussão a respeito do negro não se trata de só vitimizá-lo, mas que a vitimização também é importante; afinal, o Brasil foi o último país da América a libertar os negros e, apenas um ano depois disso, o Hino da República já dizia " Nós nem cremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre País...", como se a escravidão fizesse parte de um passado remoto, outrora.

O Brasil, na pintura, sempre foi definido pela sua natureza idealizada e pelos seus naturais, seus habitantes. No século XVI, os nativos eram homens "sem fé, nem lei, nem rei", o que mostra a tendência dos europeus de definir a cultura alheia pela carência de certos aspectos. Trata-se, ainda, da idéia do espelho invertido, de mostrar o outro de forma diferenciada do europeu, como que dizendo "eles são o que eu jamais serei". Nesse sentido de oposição, Lilia comenta a ótima declaração de Montaigne sobre o povo descoberto, pondo em dúvida a noção de certo e errado do europeu: "Ou os americanos são bárbaros, ou nós o somos".

Já nos séculos XVII e XVIII, uma imagem positiva da América começa a ser representada: é a vez da exotização do lugar e de seus habitantes. Aqui, os negros já não são mais demonizados - como eram no século XV - mas agora fazem parte da cena apenas trabalhando.

No século XIX, chegam ao Brasil muitos artistas estrangeiros que passam a retratar o nosso cotidiano. Lilia aponta que, nas pinturas de Debret em que ele retrata negros e brancos juntos, é possível observar perfeitamente a hierarquia da sociedade da época.

Já nas obras de Taunay, ela observa que os negros são detalhes no quadro e causam ruído à paisagem idealizada.




Como o movimento romântico desse mesmo século, o índio entra com força nas representações artísticas, os brancos continuam e os negros desaparecem. As fotografias são a exceção, mas são proibidas no Segundo Reinado. Nas fotos, os negros (escravos, porque estavam descalços) continuam sendo retratados como objeto exóticos.

A abolição é abordada pela pintura como uma dávida, um presente dos brancos para os negros, em vez de uma conquista. Os pintores negros da época não retratam sua sociedade; optam por naturezas mortes e alguns retratos ocidentalizados.

No século XX, surgem a idéia do branqueamento, a representação do mestiço e do sertanejo e o modernismo - que, Lilia ressalva, mesmo sendo de vanguarda, continua representando o negro como objeto, agora em primeiro plano.

Após uma viagem no tempo das artes plásticas, Lilia finaliza: "Não há como encontrar uma representação do negro. Ora ele é exótico, ora é vitimizado, ora é idealizado, mas não existe o seu lugar; ele nunca é sujeito de sua ação".

1º dia - Samuel: da feira do MASP às exposições americanas

Fotos: Mari Azoli

No primeiro dia da Semana de Consciência Negra, tivemos a exibição do filme "Bale de pé no chão", Lilian Solá e Marianna Monteiro, na sede do Núcleo de Consciência Negra. O NCN contou com os aparelhos da Brazucah Produções para fazer a exibição no telão.

Em seguida, os convidados seguiram para a mesa de discussão do dia, "O negro nas Artes Plásticas". Para participar da mesa foram convidados a professora da FFLCH-USP Lilia Schwarcz e o artista plástico Samuel Santiago.

Samuel contou um pouco sobre sua carreira profissional e de como chegou a vender suas obras na feira que acontece no vão do MASP (ele explicou que os feirantes de arte também são registrados pela Prefeitura no SEMAB - Secretaria Municipal de Abastecimento - junto com feirantes que abastecem a cidade com alimentos!). Depois foi para os EUA a convite de uma cliente e descobriu o que era ter seu trabalho respeitado. "Na feira, o que eu vendia eram lembrancinhas para turistas. No exterior, dão valor para sua história; vendi seis peças no primeiro dia de exposição", comenta. "Só depois de ser reconhecido lá fora é que você é considerado artista aqui".

Sobre sua arte, Samuel afirmou ser um artista vocacionado (e que pretende ajudar outros como ele com uma ONG) e que, a partir do momento que se cria algo, o artista passa a ser uma espécie de divindade. "Mas, se um artista só fizer arte com o objetivo de ganhar dinheiro, a fonte da criação seca", ressalva. Samuel nunca esteve na África; seu trabalho inspirado na cultura africana surge a partir da idealização.

A respeito da temática do negro, o artista afirmou que a escravidão faz parte de nossas relações sociais e que, em uma sociedade racista, não existe lugar para o artista. Para ele, a representação cultural não abarca o negro e vestir a camisa de "artista negro" muitas vezes significa vestir uma camisa de força, porque toda sua arte é voltada para uma luta social. Em relação à etiqueta "arte negra", Samuel acredita que seja necessário usá-la para delimitar a sua problemática, mas que ela é uma arte universal, que usa de outras fontes e é usada por muitas outras artes também.

Samuel afirma que gostaria de, um dia, não mais precisar falar de consciência negra. "Por que temos que nos reafirmar a todo momento? Somos negros, somos humanos como todos os outros. Os negros são guardiões dos signos, nossa cultura serve de base para qualquer movimento de vanguarda: Dalí, Picasso, todos eles bebem de nossa fonte". No entanto, neste momento, Samuel acredita que ainda seja necessária uma organização dos negros, para que eles deixem de ser "invisíveis" na cultura brasileira.

sábado, 15 de novembro de 2008

Agradecimentos pelo apoio à Semana da Consciência Negra

O Núcleo de Consciência Negra da USP agradece o apoio de parceiros que estão permitindo o sucesso da Semana da Consciência Negra na USP.

A RCS Copiadora colaborou com a impressão de 300 cartazes e 2 banners de sinalização dos locais do evento. No mercado há 28 anos, a Copiadora fica na Avenida Prof. Luciano Gualberto, 908, prédio FEA 6, Cidade Universitária. Eles imprimem também teses e aceitam encomendas pelo e-mail rcscopias@uol.com.br. O telefone de lá é: 3815-7386

Também contamos com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que nos ajudou com a impressão de 2000 filipetas com a programação da Semana. Os funcionários que fazem parte do Sintusp foram muito importantes na fundação do NCN, e o Núcleo fica feliz em saber que essa parceria ainda existe.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Samuel Santiago substituirá Daniel Lima na mesa sobre artes plásticas

O artista plástico Samuel Santiago fará parte da mesa "O Negro nas Artes Plásticas", que ocorrerá dia 17 de novembro, às 17:30. Ele ficará no lugar de Daniel Lima, que infelizmente não poderá mais vir.


Irmão de Lilian Solá Santiago, cujo curta "Balé de pé no chão" será exibido no primeiro dia da Semana, Samuel busca resgatar constribuições afroculturais em seus trabalhos. Já produziu mais de 100 pinturas e esculturas, além de um fanzine e uma grife de roupas. Trabalha bastante com argila de cupim e já expôs seus trabalhos nos Estados Unidos e na Europa. Também desenvolve projetos de monumentos para a memória do povo negro brasileiro.

Está montando uma ONG que tem o objetivo de unir artistas para lançá-los no mercado, uma vez que, segundo ele, isso é muito difícil para alguém que está sozinho.

Veja entrevista com o artista aqui.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O Núcleo e a consciência negra na mídia

Além de organizar a Semana da Consciência Negra na USP, o NCN têm participado de outros importantes eventos e discussões sobre o tema e sobre a própria Semana neste mês de novembro.

Na manhã desta quinta-feira, o diretor de projetos do núcleo, Léo Rodarte, deu uma entrevista para o programa Via Sampa, da rádio USP, que se propõe a trazer uma agenda completa com o melhor da programação cultural da cidade. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 12h às 13h, na USP FM 93,7 MHz.

Durante a tarde, das 13h às 14h, foi gravado o programa Café Filosófico com o tema "A Consciência Negra e a Consciência da Alteridade" e a participação da professora voluntária do cursinho Adriana Rodrigues Novais, representando o Núcleo. Além dela, foram convidados também Isis Aparecida Conceição, mestranda em direito pela USP e voluntária da EDUCAFRO e Rodrigo de Oliveira Antonio, jornalista especializado em literatura africana.

O Café Filosófico, projeto organizado pelo professor de filosofia Francisco José Nunes, da faculdade Cásper Líbero, é palco de diversas reflexões acerca de questões que envolvem o comportamento do indivíduo frente às mudanças no mundo contemporâneo, como o amor, o sexo, os excessos e as maneiras de criar e recriar vínculos. Os temas são abordados, por meio de palestras, por alguns dos mais importantes estudiosos brasileiros do comportamento e das relações humanas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Arte e renovação nas paredes do Núcleo

A Sede do NCN está recebendo uma nova pintura para sediar a Semana da Consciência Negra. Convidamos os artistas D'Ollynda e Raul Zito para grafitarem os muros externos do núcleo.

D'Ollynda pinta há mais de 25 anos e Zito, há cerca 10. Os dois artistas começaram a trabalhar juntos em junho deste ano e montaram a exposição Muros de Querosene, nas ruas do Morro do Querosene, no Butantã. Trata-se de uma ação espontânea de arte mural com a colaboração de diversos artistas locais e convidados.

As pinturas, em muros, postes e bueiros, contam com uma enorme variedade de temas e influências, sendo que "a maior parte vem da cultura afro", nas palavras de D'Ollynda. Ele conta que há representações que vão desde Orixás até Nossa Senhora Aparecida, sincretismo característico desse tipo de arte.

Para ajudar a pintar a sede do Núcleo, D'Ollynda trouxe sua filha pequena, Laura Estrela, que também é murista.

Venha para a Semana da Consciência Negra e aproveite para ver de perto o trabalho desses artistas na sede do NCN.

Clique aqui e veja fotos da exposição Muros de Querosene.



terça-feira, 11 de novembro de 2008

Programação da SCN está imperdível

Confira agora a programação completa da Semana da Consciência Negra:


Segunda-feira, 17 de novembro

16-17h30 - Sede do NCN
Projeção dos curtas-metragens:
17h30-19h15 - FEA-USP Sala A1
Mesa de Discussão
» O Negro nas Artes Plásticas
Convidada:

Terça-feira, 18 de novembro

16-17h30 - Sede do NCN
Projeção do curta-metragem:
Bate papo com os fundadores da frente

17h30-19h15 - FEA-USP Sala A1
Mesa de Discussão » O Negro na Literatura
Convidados:

Quarta-feira, 19 de novembro

16-17h30 - Sede do NCN
Projeção do longa-metragem:

17h30-19h15 - FEA-USP Sala A1
Mesa de Discussão » O Negro no Teatro
Convidados:

21h
-Sede do NCN
Encerramento com:

Não perca!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Encerramento da SCN terá show do "Treme Terra"

Após três dias de intensas atividades, como projeções de filmes e mesas de discussão sobre artes plásticas, teatro e literatura, a programação da Semana da Consciência Negra chegará ao fim dia 19/11, às 21h, na sede do Núcleo de Consciência Negra.

O encerramento contará com apresentação dos jovens do projeto "Treme Terra", desenvolvido pelo Movimento Jovem Consciente, do Morro do Querosene, no Butantã. O projeto visa integrar os jovens cidadãos do Morro e das imediações ao convívio comunitário e promover seu desenvolvimento educacional, cultural e social.

O "Treme Terra" promove diversas atividades semanais que vão de aulas de percussão a cursos de informáticas, passando por aulas de expressão corporal, dança-afro, frevo, capoeira, muay thai e jiu-jitsu.

Tudo isso sem contar as atividades esporádicas como oficinas culturais mensais, passeios ciclísticos, passeios ecológicos e culturais, gincanas, palestras, exibição de vídeos, sarais, introdução ao teatro, à pintura à escultura, à jardinagem e à confecção de instrumentos musicais de percussão. Atualmente o projeto atende mais de 500 jovens de 10 a 21 anos por mês.

O espetáculo artístico de encerramento da Semana da Consciência Negra será feito pelos jovens que frequentam os cursos do projeto. Será um show de percussão e dança afro além de movimentações de puxada de rede e participação da orquestra de berimbau, com um repertório de músicas baseado nas manifestações afro-brasileiras. Não perca!

Para saber mais sobre o Projeto "Treme Terra", clique aqui.

domingo, 9 de novembro de 2008

Daniel Lima confirma presença na Mesa de Artes Plásticas

Convidamos para a mesa "O Negro nas Artes Plásticas", que ocorrerá dia 17/11 às 17:30, o artista Daniel Lima, nascido em Natal e radicado em São Paulo, onde concluiu o curso de Artes Plásticas na Escola de Comunicações e Artes da USP em 2001.

Em 2002, Lima criou junto ao irmão, o Dj Eugênio Lima, o projeto A Revolução Não será Televisionada, um anti-programa de TV, cujo objetivo é intervir na mídia televisiva utilizando conteúdos artísticos e imagens jornalísticas, aglutinados em episódios de 25 minutos.

Em 2004 ele passou a integrar a Frente 3 de Fevereiro, grupo que luta contra o racismo policial, sendo responsável pela coordenação artística dos espetáculos do grupo e por suas estratégias de ação - como a bandeira gigantesca erguida em um estádio lotado, na hora do gol, com a pergunta “Onde Estão os Negros?”.

Lima encontra suporte para suas obras no espaço urbano. Criou a série de Coluna Laser, que faz intervenções urbanas com o uso de raios luminosos registrados por fotografia. Em 2005 o Coluna Laser III - Mar fez parte da primeira Mostra Pan-Africana de Arte Contemporânea.

Daniel Lima virá discutir suas idéias na Semana da Consciência Negra na segunda-feira, dia 17/11 ás 17:30, na sala A1da FEA-USP, na Mesa "O Negro nas Artes Plásticas", que também contará com a presença da professora Lilia M. Schwarcs.

Para ler mais sobre Daniel Lima, clique aqui.

Para assistir o primeiro episódio da série A Revolução Não Será Televisionada, clique aqui.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Você sabe onde fica o Núcleo?

O Núcleo de Consciência Negra (NCN) da USP fica localizado na Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, Travessa 4, bloco 3, na Cidade Universitária (em frente à Escola de Comunicações e Artes).



Ali são realizadas reuniões abertas e assembléias regulares com os filiados ao NCN. Dentre esses estão alunos, funcionários da USP, ex-alunos do curso pré-vestibular, participantes de projetos e ativistas do movimento negro. Quem desejar se filiar pode ir até a sede e conhecer os objetivos e o regulamento do Núcleo, que também estão disponíveis no seu site.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mais da Mesa de Literatura: Ligia Fonseca Ferreira

Ligia Fonseca Ferreira também participará da Mesa de Literatura que será realizada no dia 18 de novembro (terça-feira) das 17h30 às 19h30. Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo, Ligia fez doutorado na França sobre a vida e a obra de Luiz Gama (1830-1882) e publicou diversos artigos, aqui e lá fora, sobre a cultura negra.

Ligia foi diretora do Centro de Línguas da FFLCH-USP e hoje é diretora cultural da Aliança Francesa de São Paulo. Ministra cursos de extensão e profere palestras promovidos pelo Centro de Estudos Africanos e pelo Centro de Estudos Comparados de Língua Portuguesa, ambos da FFLCH-USP.

É autora da reedição crítica e do ensaio introdutório da obra Primeiras Trovas Burlescas de Luiz Gama e outros poemas, que reúne a produção poética integral do autor. Esse trabalho possui um valor especial porque a obra de Luiz Gama até então estava acessível apenas em bibliotecas e através de edições póstumas recheadas de lacunas e deformações.

O escritor, jornalista e advogado abolicionista Luiz Gama foi grande defensor dos direitos dos negros e da proclamação da república no decorrer do Segundo Império brasileiro. Filho de uma ex-escrava liberta, originária da África, com pai desconhecido, Luiz Gonzaga Pinto da Gama foi escravo e conquistou sua liberdade pessoal por esforço próprio, em lutas jurídicas. Foi um poeta de feitio popular, autor de poesias e sátiras políticas e de costumes, assim como de ousados poemas líricos, quase sempre defendendo o fim da escravidão e a dignidade social do negro no país. Com seu humor corrosivo, denunciava e desafiava os senhores do poder, assim como o modo de vida preconceituoso da elite no Brasil. Seus poemas e artigos na imprensa muitas vezes alcançaram repercussão nacional.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O poeta da resistência


Não podemos falar de Raquel Trindade sem falar um pouco da vida de seu pai, o poeta, ator, teatrólogo, folclorista e pintor Solano Trindade.

2008 marca o centenário do seu nascimento, que foi no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, Recife, Pernambuco. Era filho de Manuel Abílio, mestiço, sapateiro, e da quituteira Merença. Estudou até completar um ano de desenho no Liceu de Artes e Ofício. A partir de então, começa a escrever.

Seu canto poético é uma arte de resistência. Participante ativo da cultura negra do Brasil, entusiasta do maracatu, e seguidor das raízes africanas, Solano deixou marcas na história cultural do país. Sua luta apararece sob diferentes formas: nos poemas que denunciaram a escravidão; na exaltação da cultura enraizada na África e que por aqui, às vezes, é ignorada; a insistência em declamar amor como um princípio de liberdade. Considerado nosso "poeta negro", foi exemplo de força - sua obra clama por justiça. A história de Solano em defesa da cultura negra confirma esta súplica. Traz à tona a discussão sobre igualdade e liberdade em poemas repletos de musicalidade.

Raquel Trindade é convidada da Mesa de Literatura que ocorrerá no dia 18/11.


Leia mais sobre ele aqui e veja alguns dos seus poemas aqui.


Fonte: http://www.portalafro.com.br/literatura/solano/solano.htm
e http://kitabulivraria.wordpress.com/2008/08/14/tem-gente-com-fome/.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Raquel Trindade, guardiã da cultura negra

A artista plástica, dançarina, coreógrafa e poeta Raquel Trindade será uma das convidadas da Mesa de Discussão “O Negro na Literatura”, a ser realizada na terça-feira, 18 de novembro. A Mesa, parte da programação da Semana de Consciência Negra, ocorrerá das 17h30 às 19h30 na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, sala A1.

Filha mais velha do grande poeta negro Solano Trindade, Raquel é, assim como o pai, participante ativa da cultura negra do Brasil e seguidora das raízes africanas. É grande conhecedora da cultura e história afro-brasileira e considerada uma das maiores griots (guardiões do conhecimento) vivas no Brasil. Fundou o Teatro Popular Trindade e a Nação Kambinda de Maracatu e sempre ministrou cursos e oficinas livres pelo país.

Raquel Trindade

"Isso está no sangue", diz Raquel. "Meu avô era velho de pastoril, minha mãe me ensinava as danças e meu pai era poeta. Meu filho está na Alemanha e minha filha na Bahia, ensinando o samba-lenço rural paulista e o samba de bumbo. Meus netos estão tocando. Em 1975, criei o Teatro Popular Solano Trindade, no Embu. É a coisa de preservar e passar o que a gente sabe às pessoas. Não é um trabalho só de carnaval, é da vida inteira".

Para ler a entrevista que ela deu ao Brasil de Fato, clique aqui.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Mesa sobre teatro reúne acadêmica e artistas

Na quarta feira da Semana da Consciência Negra, dia 19/11, acontecerá a mesa de discussão sobre Teatro às 17h30.

A mesa contará com três integrantes - Daniela Roberta Rosa, Max Mu e Roberta Estrela D'Alva - cada um com uma trajetória diferente de estudo e produção de teatro.

Daniela Roberta é Mestre em Sociologia pela Unicamp e este ano está concluindo seu doutorado na mesma universidade. Seus trabalhos de graduação, mestrado e doutorado giraram em torno participação do negro no teatro brasileiro.

Ela estuda o Teatro Experimental do Negro, surgido em 1944 com o objetivo de valorizar o negro no teatro e criar uma nova dramaturgia. Faz parte do nascimento do teatro moderno, priorizando seu projeto artístico sem levar em conta o gosto médio da platéia e abrindo mão da profissionalização.

Já Max Mu, ex aluno do cursinho popular do Núcleo de Consciência Negra, é ator, produtor e presidente da ONG Centro de Artes Alternativas e Cidadania (CAAC).

Ele trabalha em projetos que tentam levar reflexão social ao público, com obras que amplificam as vozes de pessoas que estão excluídas dos mecanismos de produção cultural profissional. É esse o princípio que o moveu a produzir a peça "Diário dum Carroceiro".

Roberta Estrela D'Alva também é atriz, além de ser cantora e diretora de "Cindi Hip Hop", a primeira Ópera Rap do Brasil. Desde 1999 é integrante do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, projeto iniciado em 1999 que uniu artistas de diversas áreas e tem como foco a pesquisa de linguagem sobre o diálogo entre a cultura Hip Hop e seus elementos (a música, a dança e o grafite) e o teatro.

Venha à Semana de Consciência Negra, no dia 19/11, às 17h30, para saber mais sobre eles e ouvir suas idéias sobre o teatro negro brasileiro.

domingo, 2 de novembro de 2008

O Teatro Experimental do Negro

Para completar a mesa de discussão de Teatro, a ser realizada na Semana da Consciência Negra, no dia 19/11 às 17h30, convidamos a doutoranda Daniela Roberta Rosa, que estuda o Teatro Experimental do Negro (TEN). Daniela iniciou seu doutorado este ano na Unicamp, depois de dedicar quase 10 anos de sua vida ao estudo da participação do negro no teatro brasileiro - seus trabalhos de graduação, mestrado e doutorado giraram em torno dessa temática.

O TEN surgiu em 1944 com o objetivo de valorizar o negro no teatro e criar uma nova dramaturgia. Ele faz parte do nascimento do teatro moderno, priorizando seu projeto artístico sem levar em conta o gosto médio da platéia e abrindo mão da profissionalização.

Idealizado, fundado e dirigido por Abdias do Nascimento, o TEN procura ultrapassar os limites da função artística e empreender também uma ação social: Abdias cria, então, um concurso de beleza para negras e um concurso de artes plásticas com o tema Cristo Negro. Em 1945, promove uma Convenção Nacional do Negro e, em 1950, o 1º Congresso do Negro Brasileiro. Em 1955, realiza a Semana do Negro.

O Teatro Experimental do Negro nunca atingiu a importância social que pretendia em seu tempo. Mas, em termos de história do teatro, significou uma iniciativa pioneira, que mobilizou a produção de novos textos, propiciou o surgimento de novos atores e grupos e semeou uma discussão que permaneceria em aberto: a questão da ausência do negro na dramaturgia e nos palcos de um país mestiço, de maioria negra.

Um dos atores que se destacaram mundialmente a partir do TEN foi o advogado Aguinaldo Camargo. Sobre ele, na ocasião de sua estréia no teatro, Henrique Pongetti, cronista de O Globo, escreveu: "Os negros do Brasil – e os brancos também – possuem agora um grande astro dramático: Aguinaldo de Oliveira Camargo. Um anti-escolar, rústico, instintivo grande ator".

Para conhecer melhor a produção acadêmica de Daniela Roberta Rosa, clique aqui.

sábado, 1 de novembro de 2008

Diretora de Ópera Rap fala sobre Teatro

Além do ex-aluno do Núcleo de Consciência Negra, ator e produtor Max Mu, a mesa de Teatro contará com a presença de Roberta Estrela D'Alva, atriz, cantora e diretora de "Cindi Hip Hop", primeira Ópera Rap do Brasil. A mesa de discussão sobre Teatro será no dia 19/11, das 17h30 às 19h30.

Roberta Estrela D'Alva é integrante do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, projeto iniciado em 1999 que uniu artistas de diversas áreas e tem como foco a pesquisa de linguagem sobre o diálogo entre a cultura Hip Hop e seus elementos (a música, a dança e o grafite) e o teatro. Dessa idéia surgiu o espetáculo "Cindi Hip Hop", com atores-MCs que, mais do que representar, contam também sua própria história no palco.

Para conhecer melhor o trabalho do Núcleo Bartolomeu de depoimentos, clique aqui. Para ouvir as idéias de Roberta a respeito do Negro no Teatro brasileiro, venha à Semana de Consciência Negra, no dia 19/11, às 17h30.

Abaixo, a sinopse e a ficha técnica da peça dirigida por Roberta:

Cindi Hip Hop – Pequena Ópera Rap é um recorte do clássico infantil Cinderela e fala sobre a juventude no nosso País; seus sonhos, expectativas e reais possibilidades dentro do contexto social brasileiro. São quatro Cinderelas narrando suas trajetórias e seus conflitos embaladas pelo som e o ritmo da cultura Hip Hop. O formato ópera rap (inédito ainda no Brasil) é fruto da junção dos elementos da cultura Hip Hop (a dança, a palavra, a música, o grafite) e o teatro épico.

FICHA TÉCNICA

Direção _Roberta Estrela D’Alva | Dramaturgia _Claudia Schapira | Atores-MCs _Alan Gonçalves, Daniela Evelise, Dani Nega, Ícaro Rodrigues, Jé Oliveira, Raphael Garcia, Roberta Marcolin | Direção Musical _Roberta Estrela D’Alva | Músicas _Roberta Estrela D’Alva, Pipo Pegoraro, Claudia Schapira e elenco | Direção Coreográfica _Eugênio Lima | Coreografias _Eugênio Lima, Roberta Estrela D’Alva e elenco | Espaço Cênico e Cenografia _Luiz Biasi e Sílvia Mokreys | Desenho de Luz _Camilo Bonfanti | Operação de Luz _Carol Autran | Figurino _Cláudia Schapira | Costureira _Cleuza Barbosa | Vídeo e fotos _Pablo Peinado | Preparação de Atores _Luaa Gabanini | Treinamento de yoga _Alexandre Polain | Preparação Vocal: 1ª etapa _Bel Setti; 2ª etapa _Roberta Estrela D’Alva | Assistência de Direção (fase final) _Tábata Makowski | Programação Visual _Sato > casadalapa | Administração Núcleo Bartolomeu (sede) _Mariana Goulart | Produção Executiva _Fernanda Veiga e Mônica Lopes | Produção Administrativa e geral _Núcleo Bartolomeu de Depoimentos