quinta-feira, 20 de novembro de 2008
3º dia - Encerramento com "Treme Terra"
Depois da mesa de discussão, todos os convidados seguiram para a sede do Núcleo de Consciência Negra e viram a contagiante apresentação do grupo "Treme Terra". Para descrever o show, seguem algumas fotos de Monica Alves.
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008
3º dia - Daniela Roberta Rosa, Roberta Estrela D'Alva e Max Mu
Fotos: Mari Azoli e Edson Ramos
O último dia da Semana de Consciência Negra tinha como objetivo discutir o Negro no Teatro. Daniela Roberta Rosa, que estudou durante toda sua vida acadêmica o Teatro Experimental do Negro (TEN) começou a discussão retomando a história do TEN e mostrando o caminho que ele abriu para artistas como Roberta Estrela D'Alva e Max Mu.
Segundo Daniela, o TEN foi muito mais do que representação teatral. "Ele se engajou em uma luta social". Ela conta ainda que, antes do TEN, atores brancos eram pintados para representar negros no teatro. "O negro no teatro brasileiro era o branco brochado". Seria porque não havia ator negro ou porque ele não era bem-vindo?
Com essa questão em mente é que Abdias do Nascimento cria o TEN em 1944. A briga do TEN é pela presença física e ideológica do negro no teatro. Para Daniela, a pesquisa sobre o negro no teatro revela muito mais do que parece. "Em um país de preconceito escamoteado, que prega a mestiçagem, a homogeneidade e a igualdade, o teatro serve como uma fresta pela qual eu posso ver as verdadeiras relações raciais".
Em seguida, Roberta Estrela D'Alva contou um pouco sobre sua carreira no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Diz que já ouviu gente achar que ela não é negra. "Minha mãe é branca e meu pai é negro. Eu sou negra. A novidade hoje é o mestiço se assumir negro, porque antes ele sempre se disse branco". A partir de seu exemplo, Roberta explica que "se uma pessoa é azul e ela se diz branca, ela se autodetermina branca". Em uma escola que visitou, entre 40 crianças negras, ao serem perguntadas sobre sua cor, nenhuma se disse negra. "A formação do imaginário se dá na criança; é aí que a arte tem que entrar para mostrar o que é ser negro".
Para ela, o artista negro tem a função de estudar muito, entender muito para então distribuir tudo para o mundo. "É claro que poderíamos fazer peça sobre tudo, mas a questão do negro é mais urgente. Mais do que alimentar seu ego, o artista negro tem um compromisso com sua causa". Outra idéia discutida por Roberta foi o preconceito. Segundo ela, "o racismo não é problema do negro, é problema da sociedade".
Para encerrar, Max Mu contou como a entrada no cursinho do Núcleo de Consciência Negra a USP foi importante para entender a questão do negro na sociedade e lutar por isso. "Antes do Núcleo, minha relação com a negritude era só cromática".
Max Mu conta que a mioria dos lugares conhecidos como de produção cultural do negro, quando são mais divulgados, perdem exatamente a sua cultura negra. "Os negros produzem cultura; as loiras vêm atrás dos negros; os playboys atrás das loiras; o preço sobe e os negros saem para outro gueto". Ele conta ainda que seu trabalho o distanciou de sua comunidade e da academia. Mas com o trabalho "O diário dum carroceiro", ele atingiu todos os públicos. Com essa peça, ele diz ter encontrado sua identidade, pois trata-se de uma peça profissional, com a voz de quem já morou na rua.
Ele discute ainda a educação brasileira, que ensina que o Quilombo dos Palmares morreu e que o mercado de trabalho absorveu as mulheres em 1970, quando em sua família ele sabia que isso havia acontecido muito antes. Em relação à educação, Daniela disse que "a escola tem que trabalhar, discutir, ressaltar a diferença [entre negros, brancos, amarelos]. Mas tem que agir contra toda a ação que use isso para pregar a desigualdade. Porque nós somos diferentes, mas somos iguais".
O último dia da Semana de Consciência Negra tinha como objetivo discutir o Negro no Teatro. Daniela Roberta Rosa, que estudou durante toda sua vida acadêmica o Teatro Experimental do Negro (TEN) começou a discussão retomando a história do TEN e mostrando o caminho que ele abriu para artistas como Roberta Estrela D'Alva e Max Mu.
Segundo Daniela, o TEN foi muito mais do que representação teatral. "Ele se engajou em uma luta social". Ela conta ainda que, antes do TEN, atores brancos eram pintados para representar negros no teatro. "O negro no teatro brasileiro era o branco brochado". Seria porque não havia ator negro ou porque ele não era bem-vindo?
Com essa questão em mente é que Abdias do Nascimento cria o TEN em 1944. A briga do TEN é pela presença física e ideológica do negro no teatro. Para Daniela, a pesquisa sobre o negro no teatro revela muito mais do que parece. "Em um país de preconceito escamoteado, que prega a mestiçagem, a homogeneidade e a igualdade, o teatro serve como uma fresta pela qual eu posso ver as verdadeiras relações raciais".
Em seguida, Roberta Estrela D'Alva contou um pouco sobre sua carreira no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Diz que já ouviu gente achar que ela não é negra. "Minha mãe é branca e meu pai é negro. Eu sou negra. A novidade hoje é o mestiço se assumir negro, porque antes ele sempre se disse branco". A partir de seu exemplo, Roberta explica que "se uma pessoa é azul e ela se diz branca, ela se autodetermina branca". Em uma escola que visitou, entre 40 crianças negras, ao serem perguntadas sobre sua cor, nenhuma se disse negra. "A formação do imaginário se dá na criança; é aí que a arte tem que entrar para mostrar o que é ser negro".
Para ela, o artista negro tem a função de estudar muito, entender muito para então distribuir tudo para o mundo. "É claro que poderíamos fazer peça sobre tudo, mas a questão do negro é mais urgente. Mais do que alimentar seu ego, o artista negro tem um compromisso com sua causa". Outra idéia discutida por Roberta foi o preconceito. Segundo ela, "o racismo não é problema do negro, é problema da sociedade".
Para encerrar, Max Mu contou como a entrada no cursinho do Núcleo de Consciência Negra a USP foi importante para entender a questão do negro na sociedade e lutar por isso. "Antes do Núcleo, minha relação com a negritude era só cromática".
Max Mu conta que a mioria dos lugares conhecidos como de produção cultural do negro, quando são mais divulgados, perdem exatamente a sua cultura negra. "Os negros produzem cultura; as loiras vêm atrás dos negros; os playboys atrás das loiras; o preço sobe e os negros saem para outro gueto". Ele conta ainda que seu trabalho o distanciou de sua comunidade e da academia. Mas com o trabalho "O diário dum carroceiro", ele atingiu todos os públicos. Com essa peça, ele diz ter encontrado sua identidade, pois trata-se de uma peça profissional, com a voz de quem já morou na rua.
Ele discute ainda a educação brasileira, que ensina que o Quilombo dos Palmares morreu e que o mercado de trabalho absorveu as mulheres em 1970, quando em sua família ele sabia que isso havia acontecido muito antes. Em relação à educação, Daniela disse que "a escola tem que trabalhar, discutir, ressaltar a diferença [entre negros, brancos, amarelos]. Mas tem que agir contra toda a ação que use isso para pregar a desigualdade. Porque nós somos diferentes, mas somos iguais".
terça-feira, 18 de novembro de 2008
2º dia - Ligia Fonseca Ferreira e Raquel Trindade
Fotos: Mari Azoli, Edson Ramos e Monica Alves
No segundo dia da Semana de Consciência Negra, o tema da mesa de discussão era "O Negro na Literatura".
A professora Ligia Fonseca Ferreira iniciou a discussão fazendo uma retrospectiva histórica dos autores negros do Brasil. Ela comentou que este ano de 2008 é um momento diferente para discutir isso, em virtude das eleições americanas.
Entre os escritores citados, Ligia falou de Luis Gama - primeiro autor negro da literatura brasileira -, André Rebouças, José do Patrocínio, Cruz e Sousa, Lima Barreto, Lino Guedes, Solano Trindade, Carlos Assunção, Oswaldo de Carvalho e Cuti.
Dentre todos os escritores negros, Luis Gama foi o único a ter vivido um período de sua vida como escravo. Segundo Ligia, sua história de superação é fantástica; ela o compara até mesmo com Martin Luther King, dizendo que ambos se tornaram homens cultos, políticos e letrados. É dele o busto exibido no Largo do Arouche.
A professora mostra um texto de Luis Gama em um jornal no qual defende José do Patrocínio e coloca valores morais acima da questão da cor. Em seus poemas, Luis Gama satiriza a fala racista dos outros, parecendo aos menos atentos, que ele mesmo adota esse discurso racista.
Ligia diferencia, ainda, o autor negro daquele que se enuncia como negro. Dessa forma, Machado de Assis é apenas um autor negro, mas não fala como um autor negro, suas obras não adotam o negro como ponto de vista.
Em relação à representação do negro na literatura, Ligia comenta várias fases de representação, desde o demônio familiar, de José de Alencar, até os ideais do bom crioulo e o retrato do mulato.
Depois da exposição da professora Ligia, Raquel Trindade contou a história de um dos escritores negros mais importantes do país: seu pai, Solano Trindade. Raquel é uma griote, grande conhecedora da cultura africana. Mas, ao contar a vida de seu pai, parece uma criança encantada com seu herói. Dentre os episódios narrados está a prisão de Solano - e o acampamento de sua mãe em frente à prisão até ter notícias dele -, a demissão de seu emprego no IBGE - porque batia o cartão e passava o tempo levando Raquel para vários passeios culturais -, a surra fingida de pai e filha para seguir a prientação de uma vizinha, e a mágica criação de Embu das Artes.
Para exemplificar a poesia de seu pai que, segundo Raquel, é voltada para os problemas sociais, os problemas do negro, o amor e a criança, Raquel declamou lindamente dois de seus poemas - um deles era o conhecido "Tem gente com fome".
No segundo dia da Semana de Consciência Negra, o tema da mesa de discussão era "O Negro na Literatura".
A professora Ligia Fonseca Ferreira iniciou a discussão fazendo uma retrospectiva histórica dos autores negros do Brasil. Ela comentou que este ano de 2008 é um momento diferente para discutir isso, em virtude das eleições americanas.
Entre os escritores citados, Ligia falou de Luis Gama - primeiro autor negro da literatura brasileira -, André Rebouças, José do Patrocínio, Cruz e Sousa, Lima Barreto, Lino Guedes, Solano Trindade, Carlos Assunção, Oswaldo de Carvalho e Cuti.
Dentre todos os escritores negros, Luis Gama foi o único a ter vivido um período de sua vida como escravo. Segundo Ligia, sua história de superação é fantástica; ela o compara até mesmo com Martin Luther King, dizendo que ambos se tornaram homens cultos, políticos e letrados. É dele o busto exibido no Largo do Arouche.
A professora mostra um texto de Luis Gama em um jornal no qual defende José do Patrocínio e coloca valores morais acima da questão da cor. Em seus poemas, Luis Gama satiriza a fala racista dos outros, parecendo aos menos atentos, que ele mesmo adota esse discurso racista.
Ligia diferencia, ainda, o autor negro daquele que se enuncia como negro. Dessa forma, Machado de Assis é apenas um autor negro, mas não fala como um autor negro, suas obras não adotam o negro como ponto de vista.
Em relação à representação do negro na literatura, Ligia comenta várias fases de representação, desde o demônio familiar, de José de Alencar, até os ideais do bom crioulo e o retrato do mulato.
Depois da exposição da professora Ligia, Raquel Trindade contou a história de um dos escritores negros mais importantes do país: seu pai, Solano Trindade. Raquel é uma griote, grande conhecedora da cultura africana. Mas, ao contar a vida de seu pai, parece uma criança encantada com seu herói. Dentre os episódios narrados está a prisão de Solano - e o acampamento de sua mãe em frente à prisão até ter notícias dele -, a demissão de seu emprego no IBGE - porque batia o cartão e passava o tempo levando Raquel para vários passeios culturais -, a surra fingida de pai e filha para seguir a prientação de uma vizinha, e a mágica criação de Embu das Artes.
Para exemplificar a poesia de seu pai que, segundo Raquel, é voltada para os problemas sociais, os problemas do negro, o amor e a criança, Raquel declamou lindamente dois de seus poemas - um deles era o conhecido "Tem gente com fome".
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segunda-feira, 17 de novembro de 2008
1º dia - Lilia Schwarcz: "O preconceito do brasileiro é o de ter preconceito"
Fotos: Mari Azoli
Você é preconceituoso? 98% dos brasileiros entrevistados em uma pesquisa de Lilia Schwarcz afirmam que não. Você conhece alguém preconceituoso? 99% dos mesmos entrevistados afirmaram que sim. O que isso significa? Segundo Lilia, a conclusão é que o brasileiro se considera "uma ilha de democracia racial cercada por racismo de todos os lados".
Na seqüência da mesa de discussão "O negro nas Artes Plásticas", depois de Samuel Santiago, a professora de antropologia da FFLCH-USP expõe, de forma brilhante em apenas 30 minutos, como o negro foi retratado através da pintura desde o descobrimento do Brasil até a década de 30. Além disso, explica também a relação da representação do negro com o preconceito que existe no Brasil (ainda que ninguém admita seu preconceito) e mostra como o negro produtor de artes plásticas teve uma atuação pontual nos primeiros séculos de nossa história.
Você é preconceituoso? 98% dos brasileiros entrevistados em uma pesquisa de Lilia Schwarcz afirmam que não. Você conhece alguém preconceituoso? 99% dos mesmos entrevistados afirmaram que sim. O que isso significa? Segundo Lilia, a conclusão é que o brasileiro se considera "uma ilha de democracia racial cercada por racismo de todos os lados".
Na seqüência da mesa de discussão "O negro nas Artes Plásticas", depois de Samuel Santiago, a professora de antropologia da FFLCH-USP expõe, de forma brilhante em apenas 30 minutos, como o negro foi retratado através da pintura desde o descobrimento do Brasil até a década de 30. Além disso, explica também a relação da representação do negro com o preconceito que existe no Brasil (ainda que ninguém admita seu preconceito) e mostra como o negro produtor de artes plásticas teve uma atuação pontual nos primeiros séculos de nossa história.
A respeito da segmentação e da etiqueta "artista negro", Lilia comenta que o artista branco é chamado apenas de artista, enquanto o negro é chamado pelo adjetivo: sempre artista negro. Ela explica ainda que essa discussão a respeito do negro não se trata de só vitimizá-lo, mas que a vitimização também é importante; afinal, o Brasil foi o último país da América a libertar os negros e, apenas um ano depois disso, o Hino da República já dizia " Nós nem cremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre País...", como se a escravidão fizesse parte de um passado remoto, outrora.
O Brasil, na pintura, sempre foi definido pela sua natureza idealizada e pelos seus naturais, seus habitantes. No século XVI, os nativos eram homens "sem fé, nem lei, nem rei", o que mostra a tendência dos europeus de definir a cultura alheia pela carência de certos aspectos. Trata-se, ainda, da idéia do espelho invertido, de mostrar o outro de forma diferenciada do europeu, como que dizendo "eles são o que eu jamais serei". Nesse sentido de oposição, Lilia comenta a ótima declaração de Montaigne sobre o povo descoberto, pondo em dúvida a noção de certo e errado do europeu: "Ou os americanos são bárbaros, ou nós o somos".
Já nos séculos XVII e XVIII, uma imagem positiva da América começa a ser representada: é a vez da exotização do lugar e de seus habitantes. Aqui, os negros já não são mais demonizados - como eram no século XV - mas agora fazem parte da cena apenas trabalhando.
No século XIX, chegam ao Brasil muitos artistas estrangeiros que passam a retratar o nosso cotidiano. Lilia aponta que, nas pinturas de Debret em que ele retrata negros e brancos juntos, é possível observar perfeitamente a hierarquia da sociedade da época.
Já nas obras de Taunay, ela observa que os negros são detalhes no quadro e causam ruído à paisagem idealizada.
Como o movimento romântico desse mesmo século, o índio entra com força nas representações artísticas, os brancos continuam e os negros desaparecem. As fotografias são a exceção, mas são proibidas no Segundo Reinado. Nas fotos, os negros (escravos, porque estavam descalços) continuam sendo retratados como objeto exóticos.
Como o movimento romântico desse mesmo século, o índio entra com força nas representações artísticas, os brancos continuam e os negros desaparecem. As fotografias são a exceção, mas são proibidas no Segundo Reinado. Nas fotos, os negros (escravos, porque estavam descalços) continuam sendo retratados como objeto exóticos.
A abolição é abordada pela pintura como uma dávida, um presente dos brancos para os negros, em vez de uma conquista. Os pintores negros da época não retratam sua sociedade; optam por naturezas mortes e alguns retratos ocidentalizados.
No século XX, surgem a idéia do branqueamento, a representação do mestiço e do sertanejo e o modernismo - que, Lilia ressalva, mesmo sendo de vanguarda, continua representando o negro como objeto, agora em primeiro plano.
Após uma viagem no tempo das artes plásticas, Lilia finaliza: "Não há como encontrar uma representação do negro. Ora ele é exótico, ora é vitimizado, ora é idealizado, mas não existe o seu lugar; ele nunca é sujeito de sua ação".
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1º dia - Samuel: da feira do MASP às exposições americanas
Fotos: Mari Azoli
No primeiro dia da Semana de Consciência Negra, tivemos a exibição do filme "Bale de pé no chão", Lilian Solá e Marianna Monteiro, na sede do Núcleo de Consciência Negra. O NCN contou com os aparelhos da Brazucah Produções para fazer a exibição no telão.
Em seguida, os convidados seguiram para a mesa de discussão do dia, "O negro nas Artes Plásticas". Para participar da mesa foram convidados a professora da FFLCH-USP Lilia Schwarcz e o artista plástico Samuel Santiago.
Samuel contou um pouco sobre sua carreira profissional e de como chegou a vender suas obras na feira que acontece no vão do MASP (ele explicou que os feirantes de arte também são registrados pela Prefeitura no SEMAB - Secretaria Municipal de Abastecimento - junto com feirantes que abastecem a cidade com alimentos!). Depois foi para os EUA a convite de uma cliente e descobriu o que era ter seu trabalho respeitado. "Na feira, o que eu vendia eram lembrancinhas para turistas. No exterior, dão valor para sua história; vendi seis peças no primeiro dia de exposição", comenta. "Só depois de ser reconhecido lá fora é que você é considerado artista aqui".
Sobre sua arte, Samuel afirmou ser um artista vocacionado (e que pretende ajudar outros como ele com uma ONG) e que, a partir do momento que se cria algo, o artista passa a ser uma espécie de divindade. "Mas, se um artista só fizer arte com o objetivo de ganhar dinheiro, a fonte da criação seca", ressalva. Samuel nunca esteve na África; seu trabalho inspirado na cultura africana surge a partir da idealização.
A respeito da temática do negro, o artista afirmou que a escravidão faz parte de nossas relações sociais e que, em uma sociedade racista, não existe lugar para o artista. Para ele, a representação cultural não abarca o negro e vestir a camisa de "artista negro" muitas vezes significa vestir uma camisa de força, porque toda sua arte é voltada para uma luta social. Em relação à etiqueta "arte negra", Samuel acredita que seja necessário usá-la para delimitar a sua problemática, mas que ela é uma arte universal, que usa de outras fontes e é usada por muitas outras artes também.
Samuel afirma que gostaria de, um dia, não mais precisar falar de consciência negra. "Por que temos que nos reafirmar a todo momento? Somos negros, somos humanos como todos os outros. Os negros são guardiões dos signos, nossa cultura serve de base para qualquer movimento de vanguarda: Dalí, Picasso, todos eles bebem de nossa fonte". No entanto, neste momento, Samuel acredita que ainda seja necessária uma organização dos negros, para que eles deixem de ser "invisíveis" na cultura brasileira.
No primeiro dia da Semana de Consciência Negra, tivemos a exibição do filme "Bale de pé no chão", Lilian Solá e Marianna Monteiro, na sede do Núcleo de Consciência Negra. O NCN contou com os aparelhos da Brazucah Produções para fazer a exibição no telão.
Em seguida, os convidados seguiram para a mesa de discussão do dia, "O negro nas Artes Plásticas". Para participar da mesa foram convidados a professora da FFLCH-USP Lilia Schwarcz e o artista plástico Samuel Santiago.
Samuel contou um pouco sobre sua carreira profissional e de como chegou a vender suas obras na feira que acontece no vão do MASP (ele explicou que os feirantes de arte também são registrados pela Prefeitura no SEMAB - Secretaria Municipal de Abastecimento - junto com feirantes que abastecem a cidade com alimentos!). Depois foi para os EUA a convite de uma cliente e descobriu o que era ter seu trabalho respeitado. "Na feira, o que eu vendia eram lembrancinhas para turistas. No exterior, dão valor para sua história; vendi seis peças no primeiro dia de exposição", comenta. "Só depois de ser reconhecido lá fora é que você é considerado artista aqui".
Sobre sua arte, Samuel afirmou ser um artista vocacionado (e que pretende ajudar outros como ele com uma ONG) e que, a partir do momento que se cria algo, o artista passa a ser uma espécie de divindade. "Mas, se um artista só fizer arte com o objetivo de ganhar dinheiro, a fonte da criação seca", ressalva. Samuel nunca esteve na África; seu trabalho inspirado na cultura africana surge a partir da idealização.
A respeito da temática do negro, o artista afirmou que a escravidão faz parte de nossas relações sociais e que, em uma sociedade racista, não existe lugar para o artista. Para ele, a representação cultural não abarca o negro e vestir a camisa de "artista negro" muitas vezes significa vestir uma camisa de força, porque toda sua arte é voltada para uma luta social. Em relação à etiqueta "arte negra", Samuel acredita que seja necessário usá-la para delimitar a sua problemática, mas que ela é uma arte universal, que usa de outras fontes e é usada por muitas outras artes também.
Samuel afirma que gostaria de, um dia, não mais precisar falar de consciência negra. "Por que temos que nos reafirmar a todo momento? Somos negros, somos humanos como todos os outros. Os negros são guardiões dos signos, nossa cultura serve de base para qualquer movimento de vanguarda: Dalí, Picasso, todos eles bebem de nossa fonte". No entanto, neste momento, Samuel acredita que ainda seja necessária uma organização dos negros, para que eles deixem de ser "invisíveis" na cultura brasileira.
sábado, 15 de novembro de 2008
Agradecimentos pelo apoio à Semana da Consciência Negra
O Núcleo de Consciência Negra da USP agradece o apoio de parceiros que estão permitindo o sucesso da Semana da Consciência Negra na USP.
A RCS Copiadora colaborou com a impressão de 300 cartazes e 2 banners de sinalização dos locais do evento. No mercado há 28 anos, a Copiadora fica na Avenida Prof. Luciano Gualberto, 908, prédio FEA 6, Cidade Universitária. Eles imprimem também teses e aceitam encomendas pelo e-mail rcscopias@uol.com.br. O telefone de lá é: 3815-7386
Também contamos com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que nos ajudou com a impressão de 2000 filipetas com a programação da Semana. Os funcionários que fazem parte do Sintusp foram muito importantes na fundação do NCN, e o Núcleo fica feliz em saber que essa parceria ainda existe.
A RCS Copiadora colaborou com a impressão de 300 cartazes e 2 banners de sinalização dos locais do evento. No mercado há 28 anos, a Copiadora fica na Avenida Prof. Luciano Gualberto, 908, prédio FEA 6, Cidade Universitária. Eles imprimem também teses e aceitam encomendas pelo e-mail rcscopias@uol.com.br. O telefone de lá é: 3815-7386
Também contamos com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que nos ajudou com a impressão de 2000 filipetas com a programação da Semana. Os funcionários que fazem parte do Sintusp foram muito importantes na fundação do NCN, e o Núcleo fica feliz em saber que essa parceria ainda existe.
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Samuel Santiago substituirá Daniel Lima na mesa sobre artes plásticas
O artista plástico Samuel Santiago fará parte da mesa "O Negro nas Artes Plásticas", que ocorrerá dia 17 de novembro, às 17:30. Ele ficará no lugar de Daniel Lima, que infelizmente não poderá mais vir.
Irmão de Lilian Solá Santiago, cujo curta "Balé de pé no chão" será exibido no primeiro dia da Semana, Samuel busca resgatar constribuições afroculturais em seus trabalhos. Já produziu mais de 100 pinturas e esculturas, além de um fanzine e uma grife de roupas. Trabalha bastante com argila de cupim e já expôs seus trabalhos nos Estados Unidos e na Europa. Também desenvolve projetos de monumentos para a memória do povo negro brasileiro.
Está montando uma ONG que tem o objetivo de unir artistas para lançá-los no mercado, uma vez que, segundo ele, isso é muito difícil para alguém que está sozinho.
Veja entrevista com o artista aqui.
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