Fotos: Mari Azoli
No primeiro dia da Semana de Consciência Negra, tivemos a exibição do filme "Bale de pé no chão", Lilian Solá e Marianna Monteiro, na sede do Núcleo de Consciência Negra. O NCN contou com os aparelhos da Brazucah Produções para fazer a exibição no telão.
Em seguida, os convidados seguiram para a mesa de discussão do dia, "O negro nas Artes Plásticas". Para participar da mesa foram convidados a professora da FFLCH-USP Lilia Schwarcz e o artista plástico Samuel Santiago.
Samuel contou um pouco sobre sua carreira profissional e de como chegou a vender suas obras na feira que acontece no vão do MASP (ele explicou que os feirantes de arte também são registrados pela Prefeitura no SEMAB - Secretaria Municipal de Abastecimento - junto com feirantes que abastecem a cidade com alimentos!). Depois foi para os EUA a convite de uma cliente e descobriu o que era ter seu trabalho respeitado. "Na feira, o que eu vendia eram lembrancinhas para turistas. No exterior, dão valor para sua história; vendi seis peças no primeiro dia de exposição", comenta. "Só depois de ser reconhecido lá fora é que você é considerado artista aqui".
Sobre sua arte, Samuel afirmou ser um artista vocacionado (e que pretende ajudar outros como ele com uma ONG) e que, a partir do momento que se cria algo, o artista passa a ser uma espécie de divindade. "Mas, se um artista só fizer arte com o objetivo de ganhar dinheiro, a fonte da criação seca", ressalva. Samuel nunca esteve na África; seu trabalho inspirado na cultura africana surge a partir da idealização.
A respeito da temática do negro, o artista afirmou que a escravidão faz parte de nossas relações sociais e que, em uma sociedade racista, não existe lugar para o artista. Para ele, a representação cultural não abarca o negro e vestir a camisa de "artista negro" muitas vezes significa vestir uma camisa de força, porque toda sua arte é voltada para uma luta social. Em relação à etiqueta "arte negra", Samuel acredita que seja necessário usá-la para delimitar a sua problemática, mas que ela é uma arte universal, que usa de outras fontes e é usada por muitas outras artes também.
Samuel afirma que gostaria de, um dia, não mais precisar falar de consciência negra. "Por que temos que nos reafirmar a todo momento? Somos negros, somos humanos como todos os outros. Os negros são guardiões dos signos, nossa cultura serve de base para qualquer movimento de vanguarda: Dalí, Picasso, todos eles bebem de nossa fonte". No entanto, neste momento, Samuel acredita que ainda seja necessária uma organização dos negros, para que eles deixem de ser "invisíveis" na cultura brasileira.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
1º dia - Samuel: da feira do MASP às exposições americanas
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