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terça-feira, 18 de novembro de 2008

2º dia - Ligia Fonseca Ferreira e Raquel Trindade

Fotos: Mari Azoli, Edson Ramos e Monica Alves

No segundo dia da Semana de Consciência Negra, o tema da mesa de discussão era "O Negro na Literatura".

A professora Ligia Fonseca Ferreira iniciou a discussão fazendo uma retrospectiva histórica dos autores negros do Brasil. Ela comentou que este ano de 2008 é um momento diferente para discutir isso, em virtude das eleições americanas.

Entre os escritores citados, Ligia falou de Luis Gama - primeiro autor negro da literatura brasileira -, André Rebouças, José do Patrocínio, Cruz e Sousa, Lima Barreto, Lino Guedes, Solano Trindade, Carlos Assunção, Oswaldo de Carvalho e Cuti.

Dentre todos os escritores negros, Luis Gama foi o único a ter vivido um período de sua vida como escravo. Segundo Ligia, sua história de superação é fantástica; ela o compara até mesmo com Martin Luther King, dizendo que ambos se tornaram homens cultos, políticos e letrados. É dele o busto exibido no Largo do Arouche.

A professora mostra um texto de Luis Gama em um jornal no qual defende José do Patrocínio e coloca valores morais acima da questão da cor. Em seus poemas, Luis Gama satiriza a fala racista dos outros, parecendo aos menos atentos, que ele mesmo adota esse discurso racista.

Ligia diferencia, ainda, o autor negro daquele que se enuncia como negro. Dessa forma, Machado de Assis é apenas um autor negro, mas não fala como um autor negro, suas obras não adotam o negro como ponto de vista.

Em relação à representação do negro na literatura, Ligia comenta várias fases de representação, desde o demônio familiar, de José de Alencar, até os ideais do bom crioulo e o retrato do mulato.

Depois da exposição da professora Ligia, Raquel Trindade contou a história de um dos escritores negros mais importantes do país: seu pai, Solano Trindade. Raquel é uma griote, grande conhecedora da cultura africana. Mas, ao contar a vida de seu pai, parece uma criança encantada com seu herói. Dentre os episódios narrados está a prisão de Solano - e o acampamento de sua mãe em frente à prisão até ter notícias dele -, a demissão de seu emprego no IBGE - porque batia o cartão e passava o tempo levando Raquel para vários passeios culturais -, a surra fingida de pai e filha para seguir a prientação de uma vizinha, e a mágica criação de Embu das Artes.

Para exemplificar a poesia de seu pai que, segundo Raquel, é voltada para os problemas sociais, os problemas do negro, o amor e a criança, Raquel declamou lindamente dois de seus poemas - um deles era o conhecido "Tem gente com fome".


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O poeta da resistência


Não podemos falar de Raquel Trindade sem falar um pouco da vida de seu pai, o poeta, ator, teatrólogo, folclorista e pintor Solano Trindade.

2008 marca o centenário do seu nascimento, que foi no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, Recife, Pernambuco. Era filho de Manuel Abílio, mestiço, sapateiro, e da quituteira Merença. Estudou até completar um ano de desenho no Liceu de Artes e Ofício. A partir de então, começa a escrever.

Seu canto poético é uma arte de resistência. Participante ativo da cultura negra do Brasil, entusiasta do maracatu, e seguidor das raízes africanas, Solano deixou marcas na história cultural do país. Sua luta apararece sob diferentes formas: nos poemas que denunciaram a escravidão; na exaltação da cultura enraizada na África e que por aqui, às vezes, é ignorada; a insistência em declamar amor como um princípio de liberdade. Considerado nosso "poeta negro", foi exemplo de força - sua obra clama por justiça. A história de Solano em defesa da cultura negra confirma esta súplica. Traz à tona a discussão sobre igualdade e liberdade em poemas repletos de musicalidade.

Raquel Trindade é convidada da Mesa de Literatura que ocorrerá no dia 18/11.


Leia mais sobre ele aqui e veja alguns dos seus poemas aqui.


Fonte: http://www.portalafro.com.br/literatura/solano/solano.htm
e http://kitabulivraria.wordpress.com/2008/08/14/tem-gente-com-fome/.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Raquel Trindade, guardiã da cultura negra

A artista plástica, dançarina, coreógrafa e poeta Raquel Trindade será uma das convidadas da Mesa de Discussão “O Negro na Literatura”, a ser realizada na terça-feira, 18 de novembro. A Mesa, parte da programação da Semana de Consciência Negra, ocorrerá das 17h30 às 19h30 na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, sala A1.

Filha mais velha do grande poeta negro Solano Trindade, Raquel é, assim como o pai, participante ativa da cultura negra do Brasil e seguidora das raízes africanas. É grande conhecedora da cultura e história afro-brasileira e considerada uma das maiores griots (guardiões do conhecimento) vivas no Brasil. Fundou o Teatro Popular Trindade e a Nação Kambinda de Maracatu e sempre ministrou cursos e oficinas livres pelo país.

Raquel Trindade

"Isso está no sangue", diz Raquel. "Meu avô era velho de pastoril, minha mãe me ensinava as danças e meu pai era poeta. Meu filho está na Alemanha e minha filha na Bahia, ensinando o samba-lenço rural paulista e o samba de bumbo. Meus netos estão tocando. Em 1975, criei o Teatro Popular Solano Trindade, no Embu. É a coisa de preservar e passar o que a gente sabe às pessoas. Não é um trabalho só de carnaval, é da vida inteira".

Para ler a entrevista que ela deu ao Brasil de Fato, clique aqui.