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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

3º dia - Daniela Roberta Rosa, Roberta Estrela D'Alva e Max Mu


Fotos: Mari Azoli e Edson Ramos

O último dia da Semana de Consciência Negra tinha como objetivo discutir o Negro no Teatro. Daniela Roberta Rosa, que estudou durante toda sua vida acadêmica o Teatro Experimental do Negro (TEN) começou a discussão retomando a história do TEN e mostrando o caminho que ele abriu para artistas como Roberta Estrela D'Alva e Max Mu.

Segundo Daniela, o TEN foi muito mais do que representação teatral. "Ele se engajou em uma luta social". Ela conta ainda que, antes do TEN, atores brancos eram pintados para representar negros no teatro. "O negro no teatro brasileiro era o branco brochado". Seria porque não havia ator negro ou porque ele não era bem-vindo?

Com essa questão em mente é que Abdias do Nascimento cria o TEN em 1944. A briga do TEN é pela presença física e ideológica do negro no teatro. Para Daniela, a pesquisa sobre o negro no teatro revela muito mais do que parece. "Em um país de preconceito escamoteado, que prega a mestiçagem, a homogeneidade e a igualdade, o teatro serve como uma fresta pela qual eu posso ver as verdadeiras relações raciais".

Em seguida, Roberta Estrela D'Alva contou um pouco sobre sua carreira no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Diz que já ouviu gente achar que ela não é negra. "Minha mãe é branca e meu pai é negro. Eu sou negra. A novidade hoje é o mestiço se assumir negro, porque antes ele sempre se disse branco". A partir de seu exemplo, Roberta explica que "se uma pessoa é azul e ela se diz branca, ela se autodetermina branca". Em uma escola que visitou, entre 40 crianças negras, ao serem perguntadas sobre sua cor, nenhuma se disse negra. "A formação do imaginário se dá na criança; é aí que a arte tem que entrar para mostrar o que é ser negro".

Para ela, o artista negro tem a função de estudar muito, entender muito para então distribuir tudo para o mundo. "É claro que poderíamos fazer peça sobre tudo, mas a questão do negro é mais urgente. Mais do que alimentar seu ego, o artista negro tem um compromisso com sua causa". Outra idéia discutida por Roberta foi o preconceito. Segundo ela, "o racismo não é problema do negro, é problema da sociedade".

Para encerrar, Max Mu contou como a entrada no cursinho do Núcleo de Consciência Negra a USP foi importante para entender a questão do negro na sociedade e lutar por isso. "Antes do Núcleo, minha relação com a negritude era só cromática".

Max Mu conta que a mioria dos lugares conhecidos como de produção cultural do negro, quando são mais divulgados, perdem exatamente a sua cultura negra. "Os negros produzem cultura; as loiras vêm atrás dos negros; os playboys atrás das loiras; o preço sobe e os negros saem para outro gueto". Ele conta ainda que seu trabalho o distanciou de sua comunidade e da academia. Mas com o trabalho "O diário dum carroceiro", ele atingiu todos os públicos. Com essa peça, ele diz ter encontrado sua identidade, pois trata-se de uma peça profissional, com a voz de quem já morou na rua.

Ele discute ainda a educação brasileira, que ensina que o Quilombo dos Palmares morreu e que o mercado de trabalho absorveu as mulheres em 1970, quando em sua família ele sabia que isso havia acontecido muito antes. Em relação à educação, Daniela disse que "a escola tem que trabalhar, discutir, ressaltar a diferença [entre negros, brancos, amarelos]. Mas tem que agir contra toda a ação que use isso para pregar a desigualdade. Porque nós somos diferentes, mas somos iguais".

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Mesa sobre teatro reúne acadêmica e artistas

Na quarta feira da Semana da Consciência Negra, dia 19/11, acontecerá a mesa de discussão sobre Teatro às 17h30.

A mesa contará com três integrantes - Daniela Roberta Rosa, Max Mu e Roberta Estrela D'Alva - cada um com uma trajetória diferente de estudo e produção de teatro.

Daniela Roberta é Mestre em Sociologia pela Unicamp e este ano está concluindo seu doutorado na mesma universidade. Seus trabalhos de graduação, mestrado e doutorado giraram em torno participação do negro no teatro brasileiro.

Ela estuda o Teatro Experimental do Negro, surgido em 1944 com o objetivo de valorizar o negro no teatro e criar uma nova dramaturgia. Faz parte do nascimento do teatro moderno, priorizando seu projeto artístico sem levar em conta o gosto médio da platéia e abrindo mão da profissionalização.

Já Max Mu, ex aluno do cursinho popular do Núcleo de Consciência Negra, é ator, produtor e presidente da ONG Centro de Artes Alternativas e Cidadania (CAAC).

Ele trabalha em projetos que tentam levar reflexão social ao público, com obras que amplificam as vozes de pessoas que estão excluídas dos mecanismos de produção cultural profissional. É esse o princípio que o moveu a produzir a peça "Diário dum Carroceiro".

Roberta Estrela D'Alva também é atriz, além de ser cantora e diretora de "Cindi Hip Hop", a primeira Ópera Rap do Brasil. Desde 1999 é integrante do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, projeto iniciado em 1999 que uniu artistas de diversas áreas e tem como foco a pesquisa de linguagem sobre o diálogo entre a cultura Hip Hop e seus elementos (a música, a dança e o grafite) e o teatro.

Venha à Semana de Consciência Negra, no dia 19/11, às 17h30, para saber mais sobre eles e ouvir suas idéias sobre o teatro negro brasileiro.

sábado, 1 de novembro de 2008

Diretora de Ópera Rap fala sobre Teatro

Além do ex-aluno do Núcleo de Consciência Negra, ator e produtor Max Mu, a mesa de Teatro contará com a presença de Roberta Estrela D'Alva, atriz, cantora e diretora de "Cindi Hip Hop", primeira Ópera Rap do Brasil. A mesa de discussão sobre Teatro será no dia 19/11, das 17h30 às 19h30.

Roberta Estrela D'Alva é integrante do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, projeto iniciado em 1999 que uniu artistas de diversas áreas e tem como foco a pesquisa de linguagem sobre o diálogo entre a cultura Hip Hop e seus elementos (a música, a dança e o grafite) e o teatro. Dessa idéia surgiu o espetáculo "Cindi Hip Hop", com atores-MCs que, mais do que representar, contam também sua própria história no palco.

Para conhecer melhor o trabalho do Núcleo Bartolomeu de depoimentos, clique aqui. Para ouvir as idéias de Roberta a respeito do Negro no Teatro brasileiro, venha à Semana de Consciência Negra, no dia 19/11, às 17h30.

Abaixo, a sinopse e a ficha técnica da peça dirigida por Roberta:

Cindi Hip Hop – Pequena Ópera Rap é um recorte do clássico infantil Cinderela e fala sobre a juventude no nosso País; seus sonhos, expectativas e reais possibilidades dentro do contexto social brasileiro. São quatro Cinderelas narrando suas trajetórias e seus conflitos embaladas pelo som e o ritmo da cultura Hip Hop. O formato ópera rap (inédito ainda no Brasil) é fruto da junção dos elementos da cultura Hip Hop (a dança, a palavra, a música, o grafite) e o teatro épico.

FICHA TÉCNICA

Direção _Roberta Estrela D’Alva | Dramaturgia _Claudia Schapira | Atores-MCs _Alan Gonçalves, Daniela Evelise, Dani Nega, Ícaro Rodrigues, Jé Oliveira, Raphael Garcia, Roberta Marcolin | Direção Musical _Roberta Estrela D’Alva | Músicas _Roberta Estrela D’Alva, Pipo Pegoraro, Claudia Schapira e elenco | Direção Coreográfica _Eugênio Lima | Coreografias _Eugênio Lima, Roberta Estrela D’Alva e elenco | Espaço Cênico e Cenografia _Luiz Biasi e Sílvia Mokreys | Desenho de Luz _Camilo Bonfanti | Operação de Luz _Carol Autran | Figurino _Cláudia Schapira | Costureira _Cleuza Barbosa | Vídeo e fotos _Pablo Peinado | Preparação de Atores _Luaa Gabanini | Treinamento de yoga _Alexandre Polain | Preparação Vocal: 1ª etapa _Bel Setti; 2ª etapa _Roberta Estrela D’Alva | Assistência de Direção (fase final) _Tábata Makowski | Programação Visual _Sato > casadalapa | Administração Núcleo Bartolomeu (sede) _Mariana Goulart | Produção Executiva _Fernanda Veiga e Mônica Lopes | Produção Administrativa e geral _Núcleo Bartolomeu de Depoimentos

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ex-aluno participa da mesa do Teatro

Max Mu é uma pessoa de muitos predicados. Ele preside a ONG Centro de Artes Alternativas e Cidadania (CAAC), é produtor de teatro e aluno de uma das primeiras turmas do cursinho popular do Núcleo de Consciência Negra. São muitos motivos, portanto, que o levam a ser um dos convidados para a mesa redonda do Teatro, no terceiro dia (19/11) da Semana de Consciência Negra.

Mais do que produtor, Max Mu trabalha em projetos que tentam levar reflexão social ao público, com obras que amplificam as vozes de pessoas que estão excluídas dos mecanismos de produção cultural profissional. É esse o princípio que o moveu a produzir o "Diário dum Carroceiro".

Esse monólogo é o primeiro texto teatral escrito por uma pessoa em situação de rua realizado profissionalmente no Brasil. Sebastião Nicomedes, o autor, vivia na rua desde 2003 e, passando por albergues, conheceu a ONG CAAC. Lá se destacou como ator e dramaturgo.

Max Mu convidou Iara Brasil para dirigir a peça e o ator Antonio Carlos de Niggro (AC, o Pernoca do seriado "Turma do Gueto") para representar o carroceiro que vaga por São Paulo na época das festas de fim de ano.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Max Mu, venha à Semana de Consciência Negra. Com certeza, trata-se de um exemplo, principalmente para nossos alunos, de que é possível fazer muito pelas pessoas à margem da sociedade. É possível, com a arte, trazer reflexão e transformar a vida de seus atores.